Ok, educar filhos é fácil, afinal todo mundo faz isso, não é mesmo?

05/09/2022

Quando ainda estava na faculdade em 1999 fiz uma palestra para os pais dos adolescentes de uma escola em que trabalhei por um período e um dos pais me falou: "Porque você não monta um manual de como educar filhos", eu ainda novinha e sem muito conhecimento achei aquilo engraçado e inviável. Depois de quase 20 anos a ciência evoluiu muito e hoje temos estudos aprofundados sobre o desenvolvimento infantil, com o avanço da neurociência conseguimos entender o funcionamento do cérebro, o que nos ajudou e muito a montar um "manual" de como educar os filhos; claro que somos seres individuais e cada família tem uma dinâmica que precisa ser levada em conta na hora de "usar esse manual". Mas uma coisa é fato: a educação tradicional, principalmente baseada em violência tanto física como emocional não é saudável. Nesse texto vou detalhar 3 armadilhas dessa educação tradicional que são bem comuns cometermos.

Pequenas doses de humilhação

Quando queremos "ensinar" usamos frases do tipo: "tá vendo, eu te avisei", "ninguém mandou fazer isso, né, filho", "quando o seu pai chegar em casa você vai ver", despertam sentimentos de humilhação e inferioridade nas crianças, e não ensinam nada, na verdade essas frases demonstram um certo tipo de rancor com a criança, e é muito importante que você não aja dessa forma com o seu filho, mas que você efetivamente ENSINE para ele aprender. Ex.: pegou o copo e saiu correndo derramou o suco, essa é a hora de você ensinar: "Viu filho quando corremos com um copo cheio na mão o que acontece?", e aproveite para perguntar o que você pode fazer agora, para ver se ele sugere limpar, é assim que ele irá efetivamente aprender.

Dar palestras

Você já se pegou dando pequenas palestras para o seu filho, por exemplo: na hora de tomar banho, que geralmente é aquele "chororo", e você para não gritar ou castigar fica explicando o porquê é tão importante tomar banho? Nessa hora você já perdeu a criança, nesse momento seja firme e gentil e garanta que seu filho está olhando para você, se preciso abaixe e segure nos bracinhos com sutileza, e se você se conectar com ele parta para o lúdico, brincar sempre ajuda.

Quantidade de regras e limites

Você já se perguntou quantas coisas por dia você diz para seu filho fazer ou deixar de fazer? Não sei aí, mas quando parei para perceber quantos comandos por dia eu dou aqui, me assustei!!! Seria interessante então parar e fazer essas três perguntas, antes de colocar regras ou dar ordens:

- O que ele está fazendo oferece perigo a si mesmo?

- O que ele está fazendo oferece perigo aos outros?

- O que ele está fazendo oferece perigo ao ambiente?

Muitas vezes as regras servem para proteger o nosso apego ao ambiente, como por exemplo, a criança quer fazer uma pista de carrinhos usando os cadeiras e cobertas, se você diz que não, é porque isso vai causar algum dano à criança ou porque vai bagunçar o ambiente que você gostaria que estivesse arrumado? Isso é só um exemplo. Mas analise quantos "nãos" você está dizendo ao seu filho apenas para torna sua vida mais fácil.

Se você se viu agindo dessa forma acima é hora de começar a repensar. Quanto antes mudarmos mais cedo terá um relacionamento saudável e cheio de vínculo com seu filho.

Caso precise de ajuda para essa mudança, uma mentoria parental pode ser o caminho para alcançar seu objetivo.